quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fogão à lenha e chimarrão são saída para espantar frio em Cambará do Sul

Moradores mostram como vivem em uma das cidades mais frias do estado.


Frio em Cambará do Sul, RS (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM) 
Ao lado do fogão à lenha, Everardo e Jacira se esquentam com o fogão à lenha (Foto: Diego Guichard/G1)

Fogão à lenha, casaco de lã de ovelha e chimarrão. Esses são alguns artifícios utilizados por quem vive em meio às baixas temperaturas do inverno na Serra do Rio Grande do Sul, que teve o dia mais frio do ano nesta quinta-feira (7). No entanto, não são garantia de satisfação absoluta, mesmo para quem já convive com isso há anos. É o caso do casal Everardo e Jacira Titoni, de Cambará do Sul, na região dos Aparados da Serra.
 
Nascidos e criados na pequena cidade gaúcha, de aproximadamente 6,5 mil habitantes, o casal nunca se adaptou completamente a um inverno rigoroso. “A vida aqui é sofrida. O cara que gosta de frio é louco. Por mim, moraria uns tempos no Rio de Janeiro se pudesse”, brinca Everardo, caminhoneiro de 56 anos, que é morador de uma casa de madeira no centro da cidade.

Entre os problemas que afetam o cotidiano de quem vive em regiões de muito frio, o encanamento de água é um dos que mais incomodam a família. É comum que os canos estourem quando o líquido congela. Colocar roupas para secar no varal também vira tarefa difícil  por causa da umidade. A solução encontrada pela família Titoni foi improvisar um secador logo em cima do fogão à lenha. “Essa é a única maneira de secar”, explica Jacira.
 
Frio em Cambará do Sul, RS (Foto: Diego Guichard/G1)Lenhador aposta no trabalho braçal para espantar o frio (Foto: Diego Guichard/G1)

Também há quem combata o frio com o trabalho braçal. Lenhador, Otávio José de Lima, de 74 anos, já sabe como fazer para esquentar o corpo. “Pego a minha kombi e vou para o mato cortar pinheiro. Solucionar não soluciona, mas ameniza”, comenta. Só que também há um problema físico que pode vir com o tempo gelado. “Fico com muitas dores nas costas por causa do frio. Tem vezes que é difícil até sair da cama”, acrescenta.

A mínima em Cambará do Sul chegou a -4°C por volta das 8h desta quinta-feira (7). Por isso, eram raras pessoas vistas caminhando pelas ruas da cidade durante a manhã. O movimento só começou com a música alta ecoada pelas caixas de som da igreja central. Logo, um grupo partiu para a frente da igreja para trabalhar na confecção de tapetes decorados para a procissão de Corpus Christi, onde eram esperados mais de 150 pessoas.
 
Frio em Cambará do Sul, RS (Foto: Diego Guichard/G1) Enquanto trabalhava com os tapetes, a moradora Lisângela Lima praticamente se esqueceu do frio. Tirou as várias camadas de blusões e casacos e trabalhou normalmente, como se a temperatura fosse bem mais amena. “Eu já estou acostumada. A dica é movimentar o corpo. Eu nem sinto frio”, afirma. As ruas da cidade só começaram a ficar movimentadas pelas 10h30m. A maioria não arriscava sair sem estar bem agasalhadas com casacos e toucas de lã.

Entre os turistas, a expectativa foi frustrada com a ausência de neve na cidade. Apesar de o frio seguir no Rio Grande do Sul, a maior chance de precipitação estava prevista para a madrugada passada. Para não perder o passeio, a saída foi tirar fotos da temperatura em frente ao termômetro de rua e correr para se aquecer em frente a uma lareira. Na zona rural, houve formação de geada. Pequenas poças de água ficaram congeladas

O estado teve o maior frio do ano nesta quinta-feira, com temperatura de -5,5°C em São José dos Ausentes. A sensação térmica com o vento, no entanto, chegou a -15°C, de acordo com a Somar Meteorologia. Em Vacaria, onde a mínima foi de -4,1ºC, a impressão do frio ficou em torno de -11ºC. A sensação ainda chegou a -12°C em Soledade e -10°C em Santana do Livramento, Passo Fundo, Palmeira das Missões, Lagoa Vermelha e Canguçu. Em Porto Alegre, a mínima chegou a 2ºC, e a sensação térmica, de pouco menos de -6°C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário