segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Jovem afegã torturada por família do marido relata terror


"Fui muito torturada, apanhei muito", disse Sahar Gul a jornalistas
"Fui muito torturada, apanhei muito", disse Sahar Gul a jornalistas em hospital (Shah Marai / AFP)

No leito de um hospital de Cabul, Sahar Gul, de 15 anos, relatou neste sábado os seis meses de torturas vividos na casa da família do marido, que a trancava no banheiro, agredindo-a a pauladas e arrancando pedaços de sua pele e unhas, além de queimá-la com cigarros. A adolescente, vendida pelo irmão por 5.000 dólares - uma espécie de dote comum no Afeganistão - foi localizada na segunda-feira pela polícia da província de Baghlan (nordeste) em estado de choque e foi levada ao hospital.

Ela conta que durante vários meses ficou no banheiro, e a sogra a privava de água e alimentos. "Fui muito torturada, apanhei muito", disse a menina a vários jornalistas. "Arrancavam a pele de Sahar com pinças, e apagavam cigarros nas feridas", denunciou um parente da vítima.

Segundo a polícia, Sahar foi torturada por ter se recusado a se prostituir. Três mulheres da família do marido foram presas, entre elas a sogra e a cunhada, mas o marido e o sogro conseguiram fugir.

"Ela ainda é menor e não tem idade legal para se casar. É uma história trágica para o Afeganistão", comentou a doutora Suraya Dalil, ministra da Saúde afegã, que estava na cabeceira da moça. A comissão independente afegã dos direitos humanos contabilizou 1.026 casos de violência contra as mulheres no segundo trimestre de 2011, sendo que em todo o ano de 2010 foram 2.700 casos.

(Com agência France-Presse)

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