sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Em Novo Hamburgo, mulher acha R$ 1 mil e entrega na Delegacia



Adriana diz que ficou de
Novo Hamburgo  - Há seis meses, Adriana Martins da Silva percorre o mesmo caminho quase todos os dias na hora do almoço. O destino é a Rua 25 de Julho, no bairro Rio Branco, onde na segunda-feira tropeçou em um bolo de notas de 50 reais, perdidas junto ao meio-fio da calçada. Dobradas e presas a um elástico de atar dinheiro, a soma de todas chegava a R$ 1 mil. Assistente de recebimento em uma distribuidora de alimentos em Novo Hamburgo, onde ganha 800 reais brutos por mês, Adriana titubeou: “Pego ou não pego?”, questionou-se. “Se deixar, alguém pode pegar e usar de forma errada”, pensou antes de apanhar o dinheiro e colocá-lo na bolsa.

Aos 33 anos, casada há 16 e mãe de dois meninos, Adriana fez o que poucas pessoas fariam. Na terça, procurou a Guarda Municipal. Os agentes aconselharam a levar o valor à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). Na manhã do dia seguinte, ainda sem ter revelado à família e aos amigos que havia encontrado na rua R$ 1 mil, surgiu um imprevisto. Faltava dinheiro para pagar a passagem de ônibus até a Delegacia. Decidiu procurar o departamento de Recursos Humanos da empresa onde trabalha e pediu um adiantamento de R$ 5,30. Ao meio-dia, ao invés de seguir para o almoço, foi entregar o dinheiro à Polícia. “Fiz o que era o mais justo”, garante Adriana.

A fé como princípio de vida
 
Adriana Martins da Silva, devota da Igreja Evangélica O Brasil para Cristo, carrega com a família a esperança de dias melhores, sempre baseados na honestidade e no amor ao próximo. “Sou filha de mãe solteira, desde jovem aprendi a ser honesta, a trabalhar”, lembra ela, que reside no bairro Sol Nascente, em Estância Velha. 

Havia fortes motivos para a assistente de recebimento ficar com a grana. A mãe precisa de atendimento de um dentista. Poderia ajudar o marido, o soldador Márcio Costa da Silva, 34, na compra do primeiro automóvel da família. Quem sabe melhorar o roupeiro dos filhos, Wagner, 15, e Daniel, 5. Reformar a casa ou tirar a sonhada Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Tudo isso passou pela cabeça de Adriana. No entanto, nada mudou a ideia de entregar o valor. “Me senti bem, de coração alegre”, resume Adriana, que somente na noite de quarta contou ao marido o que havia ocorrido. Ele se surpreendeu ao olhar a ocorrência policial, mas apoiou a decisão. “Meu marido disse que eu fiz o certo.”
 
Destino do dinheiro
 
Segundo os agentes da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo, como não há nenhuma identificação de quem seja dono dos R$ 1 mil, o dinheiro será encaminhado para uma conta do governo federal. 

A professora de Psicologia da Feevale, Ana Beatriz Guerra Mello, afirma que a atitude de Adriana Martins da Silva nasceu na educação que recebeu em casa. “Hoje a sociedade tem uma proposta mais violenta, de levar vantagem um do outro”, diz a docente. 

A entrega do dinheiro mostra que ainda existe honestidade na relação entre as pessoas. “Revela valores e princípios. Prova que a integridade nas pessoas pode existir. A sociedade tem valores, que, para essa pessoa, é a honestidade”, conclui a psicóloga.

Fonte: NH On-Line

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