“Estão brincando com a vida do meu filho”, reclama a costureira Nelci
Sehn, 26 anos. Ela e o marido, o pedreiro Genoir Machado, 36, aguardam
há três meses por uma vaga em alguma UTI pediátrica para dar
continuidade ao atendimento do pequeno Arthur Machado. Nascido em 12 de
fevereiro, no Hospital São Francisco de Assis, em Parobé, ele precisou
ser transferido, já no dia seguinte, ao Hospital de Novo Hamburgo, onde
encontra-se até hoje na UTI neonatal. Segundo Nelci, atualmente o bebê
está sedado e, além de insuficiência cardíaca, enfrenta a terceira
pneumonia.
Com problemas no nervo do diafragma, Arthur passou por
uma cirurgia quando tinha um mês e meio de vida. “Os médicos disseram
que o procedimento não seria garantia de melhora e acabou não resolvendo
mesmo”, lamenta Nelci, destacando que o filho recebe todos os cuidados e
medicamentos que estão ao alcance da instituição de saúde de Novo
Hamburgo. “Mas agora ele está com 67 centímetros, 8 quilos e 350 gramas,
e não cabe mais no berço da UTI neonatal”, explica. Cadastrado nas duas
Centrais de Regulação de Leitos (do Estado e da Região Metropolitana),
Arthur não possui previsão de ser transferido para uma UTI pediátrica
mais capacitada em termos de equipamentos e médicos para atender o seu
caso.
Gravidade do caso fez mãe recorrer à Justiça
“Os médicos dizem que o caso dele é muito grave e que talvez uma
solução mais próxima seja uma cirurgia com prótese para resolver o
problema no nervo do diafragma”, explica a mãe. Segundo ela, a melhor
opção para o filho Arthur Machado seria o Hospital de Clínicas, em Porto
Alegre, que conta com uma equipe formada por médicos especializados.
“Estamos em contato com os cirurgiões especialistas de lá e eles já
aceitaram o nenê, só precisamos contar com a vaga”, enfatiza a
costureira, que acabou recorrendo à Justiça para obter um leito
particular por meio da prefeitura de Parobé.
Contudo, a
prefeita Gilda Kirsch explica que os casos de alta complexidade são de
responsabilidade do Estado e que o município já está fazendo tudo o que
está ao seu alcance. “Estamos ligando todos os dias para as centrais de
leitos, mantendo contato com a Secretaria de Saúde de Porto Alegre e do
Estado.
Afinal, estamos tratando de uma vida e os pais têm toda a razão
de estarem preocupados”, justifica a prefeita.
Mãe acusa hospital
Nelci Sehn diz que o problema do filho foi ocasionado durante o
parto que, na opinião dela, deveria ter sido cesariana. “O bebê já
estava com 5 quilos e, mesmo assim, o médico fez o parto normal”,
argumenta, dizendo que o bebê foi puxado de uma forma muito bruta, o que
acabou comprometendo o nervo do diafragma da criança. “Ele não
movimenta o braço direito, só os dedinhos da mão e o pulmão direito não
consegue trabalhar. O meu filho ficou no hospital 24 horas e não foi
feito um raio-X, não foi feito nada, eles foram negligentes”, comenta a
mãe em relação ao Hospital São Francisco de Assis, de Parobé.
Administração alega não ter conhecimento
De sua parte, a administradora do Hospital São Francisco de Assis,
Maria Seloí da Costa, disse que não é de seu conhecimento o fato de que
tenha havido algum tipo de negligência com Artur. “O bebê nasceu, foi
constatada a necessidade da UTI neonatal e já no dia seguinte ele foi
transferido. O hospital fez tudo para conseguir o leito por meio da
Central de Regulação”, destaca Seloí.
Fonte: NH ON-LINE
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